Versátil e com boa capacidade de adaptação, essa casta é considerada uma das mais antigas e a sétima mais cultivada do mundo. Estamos falando da uva Syrah ou Shiraz. A variação de nome se deve à localização de cultivo da casta. Syrah trata-se da versão francesa, e é muito utilizado no Velho Mundo. Já Shiraz foi criado pelos australianos, costumeiramente utilizado nos vinhos do Novo Mundo.
Com essa diferenciação nominal, é possível observar as características que podem ser encontradas nos vinhos. Comumente, os Syrah são mais tânicos e aromas mais rústicos, enquanto os Shiraz são mais aromáticos, frutados e menos encorpados.
Vamos embarcar na história, características, rótulos e harmonizações dessa uva, que além de França e Austrália, está presente em países como Chile, Espanha, Argentina, África do Sul, com rótulos de sabor único.
Origem da Shiraz
Sem informações precisas sobre sua origem, pesquisas apontam que a Shiraz se desenvolveu na França, sendo uma das principais castas cultivadas no Vale do Rhône, região vinícola muito conhecida no país, com vinhos produzidos desde o século 17.
Por se desenvolver em várias regiões do mundo, essa casta dá origem a vinhos de estilos diversificados e de alta qualidade.
A partir da década de 80, da Austrália, a Shiraz começou a chamar a atenção do mundo, ganhando notoriedade e popularidade. Até o Brasil abraçou o mercado dessa uva e é possível encontrar bons rótulos produzidos no Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo.
Características da uva Shiraz
Os vinhos feitos a partir da uva Shiraz normalmente apresentam bom corpo, são potentes e cheios de sabor. Com casca extremamente concentrada em matéria corante, produz vinhos escuros e profundos, e sua elevada espessura permite que ela cresça com facilidade em praticamente qualquer região.
As condições de clima e solo da região vitivinícola e ainda o modo de produção influenciam diretamente na sua paleta de sabores e aromas. Por isso, os vinhos elaborados a partir desta casta são variados, destacando a singularidade de cada região. Mas, no geral, são bebidas notáveis, complexas e equilibradas na medida exata.
Na França, destacam-se os traços de especiarias e a presença picante, resultando em vinhos elegantes, com sabores acentuados, trazendo notas terrosas e herbáceas, e mais acidez.
Também é possível notar diferenças de perfis e aromas, de acordo com as sub-regiões de produção. Em Côte Rôtie os vinhos costumam ter coloração menos intensa, porém são mais aromáticos com traços florais e tostados. Já em Hermitage, os exemplares apresentam taninos firmes e notas minerais e de groselha.
Na Austrália os vinhos são mais encorpados e madeirados, podendo trazer notas de chocolate, além de notas de frutas escuras, como cereja negra, groselha, amora e ameixa. Na região de Barossa Valley, temos a presença mais forte dos sabores de chocolate, frutas vermelhas e toques de menta e eucalipto. Enquanto na região de Hunter Valley, o diferencial fica por conta das notas de couro e uma coloração ainda mais intensa.
Nos Estados Unidos a Shiraz é uma casta muito utilizada em blends. Na Califórnia, os varietais (predominância de um tipo de uva) apresentam no rótulo a nomeação Syrah, quando há influência francesa, e Shiraz, quando o estilo é mais frutado, de influência australiana.
O cultivo da Shiraz na América do Sul se destaca no Chile, principalmente no Vale do Maule. A região possui grande diversidade de solo e microclimas, permitindo o plantio de uvas variadas. Nas áreas mais quentes, temos vinhos mais robustos e suculentos. Já nas áreas mais frias, produzem-se vinhos mais aromáticos, complexos e com notas de especiarias picantes.
Harmonização com a Shiraz
Os vinhos produzidos a partir da Shiraz costumam ser intensos em sabores e aromas, por isso a harmonização deve ser feita com pratos que levam ingredientes igualmente intensos e potentes.
Nas carnes, destacam-se os cortes bovinos ou suínos, com boa quantidade de gordura, amaciando os taninos no paladar. Carnes de caça como javali, ou ainda o cordeiro são ótimas escolhas para combinar com rótulos encorpados e elegantes. Abuse dos temperos fortes como louro, pimenta, alho, mostarda e também ervas aromáticas e especiarias indianas.
Um vinho de clima mais quente, que resulta em estilo leve e frutado, vai muito bem com hambúrguer, temperado e com acompanhamentos de estilo agridoce.
Para finalizar a harmonização, sirva-se de um Shiraz de clima quente, com fundo mais adocicado para acompanhar sobremesas à base de chocolate amargo. A combinação é inusitada e pode te surpreender.
Dicas de rótulos
Agora que já apresentamos as informações mais importantes sobre a Shiraz e você já sabe que essa casta produz vinhos variados, a depender do terroir, mas todos com sabores típicos e marcantes, fica fácil fácil a sua escolha dos rótulos que vamos apresentar a seguir! Confira:
O blend traz a Syrah ao lado da Cabernet Sauvignon e Malbec, resultando nesse vinho encorpado, com notas de ameixa, tabaco e chocolate. Seu aroma é de frutas vermelhas e preta, especiarias, baunilha e chocolate.
Nesse rótulo, a Syrah, juntamente com a Grenache e Cinsault, produz esse rosé que se apresenta com notas frutadas combinadas com um toque de frutas cítricas doces.
Com acidez equilibrada, taninos marcantes e sedosos, aroma de frutas negras e notas de especiarias como cravo e pimenta, esse rótulo é uma ótima opção para quem busca um vinho encorpado e estruturado, com excelente custo-benefício.
Esse francês apresenta um bom equilíbrio entre densidade e acidez e um final longo, com belos taninos maduros.
O blend de Syrah e Malbec, nesse rótulo, resultou em um vinho fresco, com as frutas sendo percebidas logo no primeiro gole. Depois, a boca se perfuma de especiarias como pimenta e canela, além de notas adocicadas de mel e frutas secas.
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